quarta-feira, 27 de janeiro de 2010



















Afranio diz:



Janeiro contínua chegando cada manhã a casa pelos cristais desta janela que sou ao mundo e desde a qual procuro-me para ti, para teu nome. A cada dia novo que se abre deixa cair sobre mim toda a vida, como uma chuva antiga e reconhecida, que se repete cada vez que se estreia, cada manhã, a cada dia igual, diferente ao anterior. Tudo o conhecido volta com sua vontade de ser virgem, sendo ou não. E nada volta, tudo é outra coisa, como disse um poeta. E não há mais exercício que fazer com que aquele ao que a nova vida convida, o que chega do céu aos cristais desta janela, aquele que significa des-aprender e aprender cada Janeiro a viver de novo o novo e aquilo que já foi vivido.



E depois Afranio cala,
e vive de novo.




Desenho de Alberto Vázquez









1 comentário:

~pi disse...

olhar como quem vê outra coisa.

,isto diz

sophia de mello breiner,

algo assim,

] sempre no vazio e

nos finais

[ da sombra do poço

às escolhas

que aponta o

fio transversal

do

recomeço,





~