
Dizem por ai que Afranio quer ser poeta,
que mesmo o é,
que fala disso mesmo por isso,
que alguém que não quer ser poeta não o é,
simplesmente
e nem sequer precisa de dar voltas e reviravoltas ao assunto.
Dizem também que a demonstração de que quer ser poeta
esta na sua própria negação da existência,
no seu habitar um corpo estranho do seu,
porque se assim não fosse,
seria apenas um homem e então
Tadinho dele!!!
Dizem que alimentasse disso,
que negar-se a si próprio é também uma forma
de não ter responsabilidade de si,
nem de ninguém.
E tudo isto porque?
Por facilidade,
porque sempre é mais fácil
negar a existência que vivê-la.
E que diz o Afranio de tudo isto?
Afranio diz na sua inexistência,
que é parida pelo seu inexistente autor,
que ser poeta não és uma cisma dele,
que quer ser amante,
que quer ser homem,
e que quer ser tudo isso ao tempo.
Afranio diz que é equidistante de si próprio,
daquele que lhe deu a inexistência,
equidistante de quem não é,
de ser poeta,
das palavras,
de ser homem
e do amor.
Afranio diz que procura ser,
seja o que for,
poeta, amante, homem ou nada disso.
Afranio diz que tem sentimentos,
que não é quem de não tê-los
e que os sentimentos que sente não são poesia,
nem poemas,
nem são sentidos por um poeta.
Afranio diz que quando ele sente as coisas
é porque as coisas existem em aquele que lhe da a inexistência,
de modo que Afranio, na verdade, existe tanto como ele.
Afranio diz, concluindo,
que ser ou não ser já foi dito antes,
que nada importa nele senão a sua vontade de ser,
para sendo poder ser em quem ama.
Afranio diz que respeita o que os demais dizem dele,
mais só ele é quem de saber a sua própria identidade,
o seu próprio caminho,
a sua própria fuga,
o seu próprio percurso,
o seu próprio crescimento
ou nada do dito ata aqui.
e deixa falar aos demais.
1 comentário:
o mudo parece aqui tão
grande
e porém, sinto eu pra
mim que:
todo é igual:
tãooooooooooo...
... tão-pequenino!!
~
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