segunda-feira, 25 de janeiro de 2010



















Dizem por ai que Afranio quer ser poeta,

que mesmo o é,

que fala disso mesmo por isso,

que alguém que não quer ser poeta não o é,

simplesmente

e nem sequer precisa de dar voltas e reviravoltas ao assunto.


Dizem também que a demonstração de que quer ser poeta

esta na sua própria negação da existência,

no seu habitar um corpo estranho do seu,

porque se assim não fosse,

seria apenas um homem e então

Tadinho dele!!!


Dizem que alimentasse disso,

que negar-se a si próprio é também uma forma

de não ter responsabilidade de si,

nem de ninguém.


E tudo isto porque?

Por facilidade,

porque sempre é mais fácil

negar a existência que vivê-la.


E que diz o Afranio de tudo isto?

Afranio diz na sua inexistência,

que é parida pelo seu inexistente autor,

que ser poeta não és uma cisma dele,

que quer ser amante,

que quer ser homem,

e que quer ser tudo isso ao tempo.



Afranio diz que é equidistante de si próprio,

daquele que lhe deu a inexistência,

equidistante de quem não é,

de ser poeta,

das palavras,

de ser homem

e do amor.



Afranio diz que procura ser,

seja o que for,

poeta, amante, homem ou nada disso.

Afranio diz que tem sentimentos,

que não é quem de não tê-los

e que os sentimentos que sente não são poesia,

nem poemas,

nem são sentidos por um poeta.



Afranio diz que quando ele sente as coisas

é porque as coisas existem em aquele que lhe da a inexistência,

de modo que Afranio, na verdade, existe tanto como ele.



Afranio diz, concluindo,

que ser ou não ser já foi dito antes,

que nada importa nele senão a sua vontade de ser,

para sendo poder ser em quem ama.


Afranio diz que respeita o que os demais dizem dele,

mais só ele é quem de saber a sua própria identidade,

o seu próprio caminho,

a sua própria fuga,

o seu próprio percurso,

o seu próprio crescimento

ou nada do dito ata aqui.





E depois Afranio cala,
e deixa falar aos demais.









1 comentário:

~pi disse...

o mudo parece aqui tão

grande

e porém, sinto eu pra

mim que:

todo é igual:

tãooooooooooo...

... tão-pequenino!!






~