quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009









Afranio não sabe que fazer com as palavras sim não é utilizá-las.
Pelo menos isso é o que ele pensa que faz,
mesmo que não deixa de crer que são as palavras
as que lhe utilizam a ele e sabe também
que não tem uma relação simbiótica com as palavras.



Não, ele não se sente simbiontte,
ele se sente fagocitado por elas.



Ele utiliza as palavras como um viático,
não sabe para onde,
mas lhe ajudam a fugir do perigo.



As palavras o utilizam a ele para negar-lhe o caminho,
lhe absorvem sua vontade de negá-las.



Afranio não luta contra as palavras,
por muito que sejam elas mesmas
as que lhe impedem entrar no que procura
e cada palavra que escreve aumente o muro que o isola.



Por isso, talvez,
entende que escreve preso,
em círculos,
laberínticamente,
que navega dentro dum copo de água.



Afranio não percebe a vida sem a poesia,
não aprendeu ainda a viver a poesia da vida
e tem ciúmes dos pássaros inexplicáveis.



Ele sonha que não sonha
e não pode evitar,
portanto,
sonhar.



A gente da aldeia não entende ao Afranio
e eles pensam que tanta palavra,
tanto tempo só com elas,
falando consigo mesmo,
não pode trazer nada bom.



Afranio os desculpa,
porque ele sabe que um dia,
através da sua huída,
um dia qualquer,
a poesia da vida revelaráselhe.



Entao abandonará as palavras,
cairão os muros,
deijará de sonhar,
tudo entrará nele
e amará.



Afranio matuta sobre tudo isto
enquanto vê uns pássaros voar sobre a aldeia
e vaise destas palavras,
atrás deles.


1 comentário:

Anónimo disse...

nada digo

( refino a arte de

verde~jar :)



anónima n