segunda-feira, 16 de novembro de 2009


















Afranio discute consigo mesmo,
mesmo que sabe que não existe.

Ele sente que as palavras podem ser percursoras,
sente que podem ser caminho se são verdade,
no entanto, ao não existir,
Afranio perde a faculdade de ser poeta
e o que é pior, a possibilidade de ser pessoa.

Discute então sobre se realmente suas palavras,
que ele sabe verdadeiras,
são verdades no meio de sua inexistência,
ou são somente mentiras que ele inventa para fugir.

Conversa consigo mesmo sobre seu caminho,
que não sabe se é real ou imaginado,
volta sobre as palavras que já tinha escrito
e encontra um caminho nelas,
mais tambem vê palavras inmoveis,
quietas como as pedras do caminho que caminha.

Afranio não distingue muito bem sua verdade,
dúvida entre o poeta, a pessoa, as palavras dos dois
e essa inexistência de se mesmo que o habita.

Ele não sabe como explicar as coisas,
não sabe como chamá-las ou como dizê-las,
mas às vezes,
quando retorna a casa depois de passar o dia
caminhando pelos caminhos e escrevendo palavras,
esgotado com o frio de pensar,
senta diante da chaminé,
aviva o fogo,
percebe seu calor
e imagina-se vivo e feliz.







Afranio discute tudo isto com ninguém,
tadinho,
porque ele sabe-se só,
cheio de ele mesmo.







1 comentário:

~pi disse...

cada um foge o que quer nos lugares que encontra,

[ like that,