
Afranio desceu pelo río que ninguém sabe aonde vai.
Desceu desde a luz de sua pequena aldeia
na procura da cidade do conhecimento.
Viu que havia coisas com características de alma,
que não era ele só o que tinha lágrimas,
que também havia outras camas no ar,
que o amor já tinha sido decapitado antes
e que a água fluía dende sempre.
Suspeitou que a música e a arquitetura
eram ambas construídas e,
ao mesmo tempo,
impossíveis de criar calculando.
Viu laços vermelhos e fitas que lhe falavam de desejos
com um duplo sentido que lhe torturava,
que por um lado mostravam o que ele queria
e pelo outro aquilo que lhe impedia alcançá-lo.
Seguiu o percurso do río,
descendo quase até o mar,
até uma foz que entrava tranqüila
entre juncos, cegonhas e sol,
e ali dançou com o amor,
bebeu, suou e chorou seus desejos,
disse o que sentia cravado na alma
e retornou a sua aldeia,
fugindo da espada que o espreitava.
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