Leio a Deus em teus olhos cheios de palavras de luz,
escrevo as palavras que dizem teus olhos,
palavras cheias da luz das tuas mãos,
através das quais vês tudo o que não se vê
com o olhar preto que o deus que não fala te deu.
Volta a passar ao meu lado a cegueira,
volto a ver a escuridão,
mas nela,
hoje,
voa a insustentável leveza da respiração dos pássaros,
sua impossível explicação,
sua alegria indecifrável,
todas as cores das penas de suas asas,
cega que leio e lê por mim.
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