terça-feira, 6 de abril de 2010



















Convido-vos ao lançamento do meu primeiro livro,
lançado à transparência do ar que o forma, o leva e o esquece,
à levidade intangível e invisível do vôo dos pássaros inexplicáveis,
à singeleza da alma que frota e desaparece entre asas,
lançado desde uma pele que mal sussurra o sentido.

Convido-vos à criação deste silêncio,
à intimidade da palavra verdadeira,
a não dita, a gritada sem voz mas com eco,
aquela que é escrita com a verdade,
com uma caneta sem tinta sobre uma névoa blanca.

Convido-vos aos poemas da cada dia,
os que falam do sucedido,
do que nunca sucede
e do que acontecerá,
na busca inútil e infinita de falar em presente.

Convido-vos aos poemas do estranho,
poemas do que um (que sou eu e não)
acha que poderia ser certo,
que poderia inclusive ser.

Convido-vos à sinceridade do vento,
à quietude da calma,
à fragilidade e nitidez do cristal,
à incerteza da viagem,
à certeza da falta delas
e às lágrimas desta dor.

Convido-vos ao lançamento do meu primeiro livro,
do meu último livro,
do meu único livro,
que é este que não vêem,
este que não lerão nunca,
que somente eu escrevo e que ninguém jamais publicará,
porque ele morrerá em mim e eu nele,
bêbado eu de uma sobriedade absoluta,
que não vendo nem venderei por nada.









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