
Afranio sente o tempo passar,
quase pode tocá-lo,
percebeo ao respirar.
Tudo significa algo na sua vida.
Sentir o tempo lhe permite
relativizar tudo o que lhe obriga a viver.
Sentir o tempo também lhe diz que está vivo,
reconhece-se individualmente.
Quando sente o tempo nele,
Afranio sabe onde está,
nota-se seguro,
nada alheio lhe incomoda nem lhe interessa
e transforma-se em paisagem.
Afranio sentia tudo isto uma quinta-feira,
quando um corvo grasnando ao solpor,
devolveu-no ao tempo de novo.
Acordou do troço de terra
onde tinha passado a tarde por ele
e fugiu.
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